Dr. Marcos Cerqueira esclarece dúvidas sobre problemas cardíacos

Problemas cardiovasculares são a principal causa de mortes no Brasil e nesta entrevista o cardiologista do HRSAJ graduado pela Universidade Estadual de Santa Cruz, especialista em clínica médica e cardiologia, Carlos Cerqueira, tira algumas dúvidas e esclarece mitos. Confira a entrevista na íntegra:

1. O que tem ocasionado o aumento da procura por um cardiologista?

Carlos Cerqueira - O cardiologista é um profissional bastante procurado por muitos motivos como: pressão alta, angina (dor no peito), palpitações, dispneia e síncopes (desmaios). A avaliação de risco de pacientes no pré- operatório bem como o acompanhamento de doentes em tratamento oncológico são outras grandes áreas de atuação, mas vale lembrar que o cardiologista vai muito além do simples exame do coração. Deve ser capaz de ver o paciente como um todo e entender que a saúde plena depende não só do bem estar, mas também do psicológico e social.

2. Por que hoje os problemas no coração são a causa número 1 de mortes?

C.C - Doenças cardiovasculares apresentam a maior causa de mortalidade no mundo e no Brasil estima-se que a ocorrência de 400 mil/ano de infarto, o que pode representar mil óbitos ao dia. O que podemos este alto índice é que hábitos e dieta rica em gordura saturada, açucares, sedentarismo associado ao tabagismo, mau controle de risco e obesidade estão cada vez mais presentes na vida do cidadão moderno, sendo assim as mudanças de hábitos culturais modernos, associados ao envelhecimento da população impulsionaram a doença coronariana rumo ao posto n 1.

3. Quem tem colesterol alto apresenta maior chance de sofrer problemas cardíacos?

C.C - Sim, sem dúvidas o colesterol é um vilão conhecido há muitos anos, pois provoca efeitos devastadores no sistema cardiovascular; o excesso desta gordura se deposita nas artérias ocasionando o surgimento de placas que dificultam progressivamente o transporte do sangue a todos os órgãos – quando esse entupimento ocorre nas artérias do coração (coronárias) provoca o temido infarto do miocárdio. O tratamento do colesterol alto envolve mudanças de estilo de vida e em alguns casos, uso de medicações.

4. O sal interfere no controle da pressão arterial?

C.C - Sim. Cerca de 60% das pessoas apresentam sensibilidade exagerada ao sal; o acúmulo de sódio faz reter o líquido, aumenta a tendência à hipertensão e dificulta o controle das metas. A ingestão média de sal do povo brasileiro, é, no mínimo o dobro da recomendada; faz parte do tratamento para hipertensão a adoção de uma alimentação com teor de sódio reduzido 2g ao dia.

5. O que o paciente com sintomas de infarto deve fazer?

C.C - O mais importante ao sentir os primeiros sintomas é procurar imediatamente o serviço de Saúde mais próximo. O infarto é uma emergência médica e deve ser prioridade de atendimento em qualquer Unidade Hospitalar, quase 50% dos pacientes com infarto morrem antes de terem a chance de chegar ao hospital, destes 40-65% na primeira hora e 80% nas primeiras 24h. Quanto mais precocemente o paciente for avaliado, maiores são as chances de sucesso no tratamento; após realizar a avaliação inicial juntamente com o eletrocardiograma e enzimas cardíacas, são prescritas medicações para o controle da dor, além de outros com o objetivo de tentar livrar as artérias da obstrução; lembrando que os avanços tecnológicos e as novas medicações que estão hoje no mercado estão contribuindo bastante para a redução da mortalidade nesses casos.

6. Como evitar o infarto?

C.C - A melhor forma é sempre prevenir mantendo os hábitos saudáveis como: alimentação, evitando excessos de gorduras, açucares, sal, álcool, lembrando de praticar esportes de forma regular, evitar o stress, controlar os níveis de pressão arterial, colesterol, glicemia; para ter um coração saudável precisamos ainda manter os bons hábitos e perseguir o controle de fatores de risco. Prevenção será sempre o melhor caminho para uma vida cada vez mais longa e plena.

*O conteúdo desta matéria é um serviço de informação, e não pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um médico.