Dezenas de ciganos foram chegaram nesta quinta-feira (19) a Bucareste, capital da Romênia, em voos oferecidos em um programa de repatriamento da França. Alguns dos ciganos devem seguir para a Bulgária. Cada adulto recebeu R$ 677, 6 (300 euros) para deixar o país da Europa ocidental e cada criança, R$ 225,8 (100 euros).
O programa, que tem o aval do presidente da França, Nicolas Sarkozy, mostra um claro endurecimento da política francesa em relação à minoria. Isso após Sarkozy defender a restrição de direitos a pessoas de origem estrangeira quanto à nacionalidade francesa. A estratégia de “segurança” anunciada pelo governante foi alvo de diversas críticas.
O grupo de ciganos chegou sob escolta policial ao aeroporto de Lyon (centro-leste da França) a bordo de dois ônibus e depois pegou um voo da companhia romena Blue Air. Gabriel, um dos ciganos que foi repatriado junto com a mulher e duas filhas, reclamou das autoridades francesas.
- Era muito duro na França, havia pressões o tempo todo. A polícia, a prefeitura.
Antes do repatriamento, a França ordenou a destruição de metade dos acampamentos de ciganos no país, tidos como instalações irregulares.
Presidente da Romênia pede à União Europeia programa de integração
O presidente da Romênia, Traian Basescu, pediu nesta quinta-feira (19) um programa europeu de integração de ciganos, uma exigência feita desde 2008, enquanto que a imprensa romena denunciava a ausência de um programa coerente de reinserção no país, já que é provável muitos repatriados voltem para a França.
O Ministério do Interior da Romênia informou que um total de 93 ciganos foram repatriados para o país nesta quinta-feira, na primeira operação desse tipo desde o endurecimento da política francesa em relação à minoria.
A França prevê a repatriação, antes do fim do mês, de 700 ciganos em situação irregular para Romênia e Bulgária no âmbito do plano de retorno voluntário a seus países de origem, uma decisão que acentua a polêmica pela política de segurança do governo.
Em 2009, 44 voos deste tipo foram organizados e 10 mil romenos e búlgaros foram levados para seus países, segundo as autoridades francesas que reconhecem, no entanto, que as pessoas expulsas, membros da União Europeia (UE), poderiam voltar à França sem visto e permanecer três meses sem justificação.
Cerca de 400 mil pessoas, 95% delas francesas, fazem parte da comunidade cigana na França. O restante é formado por ciganos de origem búlgara, romena e de outros países dos Bálcãs, cujo número aumenta constantemente, segundo o governo.
Calcula-se que haja 15 mil ciganos em situação irregular na França.
A ONU criticou severamente a França por estabelecer uma relação entre imigração e insegurança. Na França, o governo de direita foi acusado pela esquerda de promover um "racismo de Estado".
A Comissão Europeia afirmou nesta quarta-feira que está acompanhando atentamente a polêmica repatriação de ciganos romenos e búlgaros que a França prepara para os próximos dias, aconselhando o governo francês a respeitar as regras sobre a proteção dos cidadãos europeus.
Romênia e Bulgária, de onde são oriundos os 700 ciganos passíveis de repatriação, tornaram-se membros da União Europeia em 1º de janeiro de 2007.
Apesar de posições contraditórias, o governo está convencido de que todo este tema fortalece Sarkozy frente às eleições presidenciais de 2012, após o escândalo político-financeiro dos últimos meses, protagonizado pelo ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a mulher mais rica da França, Liliane Bettencourt, que respinga no próprio presidente.
0 Comentários