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Professor de português se veste de drag queen para dar aula no Paraná

 
Alunos de um curso pré-vestibular oferecido pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) em Cascavel tiveram uma surpresa em uma das aulas ministradas pelo professor de português Jonathan Chasko. Para falar sobre os artigos definidos e indefinidos – o, a, um, uma – e relacioná-los à discussão sobre gênero, sexo, identidade e diversidade, quem conduziu a aula foi a drag queen Sofia Ariel, personagem interpretada profissionalmente por Jonathan desde o ano passado.
Variedade de gêneros foi debatida com alunos de um curso pré-vestibular em Cascavel com a drag Sofia Ariel, personagem do professor Jonathan Chasko (Foto: Jonathan Chasko/Arquivo Pessoal)“No começo, quando me viram entrar na sala como uma drag, os alunos se mostraram mais resistentes. Mas, com o passar do tempo eles foram se interessando, fazendo perguntas, tentando se inteirar e tentar entender o que estava sendo apresentado. Foi bastante interessante e gratificante”, lembra o professor, que é homossexual e escolheu o Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia para abordar o assunto com os estudantes.
 
A ideia, lembra, era usar o tema da aula para falar da luta contra a homofobia e explicar que existem diferentes manifestações de sexualidade.
 
“Vi uma oportunidade de trazer para a sala uma manifestação artística cultural que está em outros espaços e que seria interessante os alunos conhecerem para saber como a homofobia se dá, quem é o público alvo, como os homossexuais se organizam e como a cultura drag representa esse movimento”, explicou Jonathan.
 
Segundo o professor, Sofia Ariel deve voltar às aulas em outras oportunidades (Foto: Jonathan Chasko/Arquivo Pessoal)“Procuro fazer uma analogia com o navio Titanic e o iceberg que o levou a afundar. Tudo o que a gente vê e ouve falar sobre esses temas é só a superfície do iceberg. Embaixo, existe muito mais coisas, um contexto. E, curiosamente, foi a parte submersa que furou o casco do Titanic”, compara.
 
“Falo para os meus alunos não serem o Titanic, para não se deixarem levar só por aquilo que estão vendo e no final 'afundar', serem prejudicados ou vencidos por aquilo que eles não estão vendo”, completa.
 
Educação
Para Jonathan, é função primordial do professor preparar o aluno para pensar e formar opiniões diversas, sem preconceitos, enxergando e respeitando as minorias. A iniciativa de tratar as diferenças de gênero, pela primeira vez com a ajuda da personagem Sofia Ariel, promete se repetir. O objetivo ao discutir assuntos polêmicos e de uma forma diferente, diz, é uma alternativa de mostrar aos alunos que há muito mais maneiras de abordar e pensar em um assunto que apenas o tradicional.
 
E, isso pode ser atrelado ao conteúdo formal, mas com cuidado e ponderadamente, para que estas opções de ensino não sejam banalizadas. “O lúdico, no entanto, não pode ser usado como pretexto. Apesar de qualquer terma poder ser abordado assim, não significa que sempre deve ser assim, para que o aluno não se acostume a tudo ser tratado como um joguinho, uma brincadeira”, observa.
 
O aluno, aponta, muitas vezes não entende para que serve aquilo que está aprendendo, mas é importante que entenda que aquilo fará parte da formação intelectual do aluno. “Antes de fazermos os alunos pensarem, temos que repensar a própria educação e em modos de fazer com que o que a gente ensina seja aplicável na vida real. Todo professor sabe disso, mas nem sempre tem condições de aplicar.”
 
O cursinho pré-vestibular da Unioeste é administrado pelos acadêmicos de vários cursos que se propõe a ministrar as aulas preparatórias, sempre com a aprovação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares (NEI).g1

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