A nova nota de R$
200, lançada nesta quarta-feira, 02/09, chama a atenção para o
lobo-guará, animal que estampa a cédula, e relembra os brasileiros da
importância da preservação desse animal emblemático da fauna nacional.
Maior canídeo da América do Sul, podendo pesar até 36 kg, o lobo-guará é
considerado como “quase ameaçado” pela IUCN (União Internacional para a
Conservação da Natureza) e sobrevive graças a esforços de preservação
realizados por projetos como o Onçafari, que atua no estudo e
conservação da espécie.
Apesar
de ser encontrado em outros biomas brasileiros, o animal é tido como o
símbolo do Cerrado, onde está a maioria dos 24 mil indivíduos que
existem no Brasil. Entretanto, as populações de lobo-guará vêm sofrendo
um declínio significativo ao longo dos anos. “Em nossa base dedicada à
espécie, localizada na Fazenda Trijunção, na divisa dos estados da
Bahia, Goiás e Minas Gerais, realizamos estudos por meio do
monitoramento direto e dos dados obtidos pelos rádio-colares. Essas
informações nos permitem entender suas áreas de vida, territórios e
hábitos, sendo que as análises também são úteis na tomada de ações para a
conservação do animal”, destaca Mario Haberfeld, fundador do Onçafari.
Entre
as principais ameaças para o lobo-guará estão a descaracterização
ambiental/perda de habitat (redução da qualidade de áreas adequadas à
sobrevivência), a morte de indivíduos devido a conflitos com humanos
(caça) e os atropelamentos. É estimado que a espécie sofrerá uma redução
populacional de, pelo menos, 29% nos próximos 21 anos (três gerações),
considerando apenas a perda de habitat. Esse dado está embasado em uma
taxa média de desmatamento do Cerrado de 1% ao ano (dados de
desmatamento –2002). Essa perda na população coloca a espécie na
categoria “vulnerável” (VU) no Cerrado.
“Com nosso trabalho
desenvolvido na Fazenda Trijunção, desde 2018, entendemos que a educação
ambiental e a pesquisa científica, aliadas ao ecoturismo, são uma das
principais e mais poderosas ferramentas para reverter o avanço das
ameaças. A valorização dos lobos em vida livre nos possibilita construir
pontes entre a ciência e a população, gerando resultados práticos que
beneficiam a comunidade local e a vida selvagem”, explica Haberfeld.
Curiosidades
O
lobo-guará possui orelhas bem grandes, semelhantes a algumas raposas.
Entretanto, apesar de ser chamado de lobo, o animal tem uma genética
distinta da dos demais membros da família. É considerado como a única
espécie viva pertencente ao seu grupo, por isso não é classificado como
lobo “verdadeiro”, nem cachorro, raposa, coiote e chacal. Os parentes
mais próximos dos lobos-guarás na escala evolutiva são os
cachorros-vinagre (Speothos venaticus), embora sejam morfologicamente
distintos entre si.
A
coloração do corpo varia do vermelho-dourado ao laranja, sendo que os
pelos da crina, das patas e do focinho são pretos. Possui também um tufo
esbranquiçado na ponta da cauda, característica já presente nos
filhotes desde que nascem. Sua vocalização é bem característica e é
chamada de “aulido”, que ecoa por longas distâncias e muitas vezes são
respondidos por outro lobo, revelando que essa é uma importante forma de
comunicação nesta espécie.
0 Comentários