Fim de jejum no futebol baiano: depois de 11 anos sem levantar a taça do Campeonato Baiano, o Bahia arrancou um empate de 3 a 3 com o Vitória e, ancorado no regulamento, se consagrou campeão estadual em 2012.
Embora a decisão tivesse contornos festivos por conta do Dia das Mães, as duas equipes proporcionaram ao torcedor presente nas arquibancadas um clássico recheado de emoção e, na contramão, protagonizaram um duelo marcado pela violência e pela confusão entre os ateltas.
Mas não faltou futebol: se, no jogo de ida, no Barradão, o empate sem gols denunciou uma partida insossa, desta vez os seis gols marcados também retrataram com êxito a vontade comum às duas equipes de erguer o troféu.
O Vitória saiu na frente logo aos quatro minutos, com gol de Neto Baiano, de cabeça. Quatro minutos depois, o Bahia reagiu: Fahel aproveitou cruzamento e contou com falha de Douglas para empatar. O goleiro rubro-negro também foi o responsável pela virada do Esquadrão: aos 45 minutos, o meia Gabriel cruzou na área e o camisa 1 saiu sem rumos do gol. 2 a 1.
No lance, os jogadores do Vitória reclamaram de falta inexistente e foram o pivô do primeiro episódio de confusão. No segundo tempo, embora combalido pela virada no placar, o rubro-negro voltou com Dinei em lugar de Marquinhos e melhorou no jogo. Aos cinco minutos, Diones derrubou Rodrigo e viu o árbitro Wilson Luiz Seneme marcar o pênalti. Neto Baiano converteu. Seis minutos depois, em contra-ataque, Pedro Ken serviu Dinei e o atacante cabeceou com perfeição para recolocar o Vitória na frente.
O Bahia se viu obrigado a abandonar a postura cautelosa e a se arriscar mais no campo de ataque. Em outra jogada de bola alçada na área, que foi a sua principal jogada em todo o Baianão, o tricolor permitiu à sua torcida iniciar a festa aos 26 minutos, quando Diones aproveitou rebote de Douglas e mandou para as redes.
O empate em Pituaçu coroou a boa campanha do Bahia, que, dono do melhor ataque do campeonato, marcou em 61 oportunidades e sofreu 27 tentos. O fim do jejum marcou a 44º conquista do estadual do Esquadrão, maior detentor de títulos, seguido pelo Vitória, que levantou a taça 26 vezes, e pelo Ypiranga, decacampeão.
Com o fim do estadual, as duas equipes voltam as suas atenções para a Copa do Brasil: às 21h50 da próxima quarta-feira, 16, o Vitória recebe o Coritiba no Barradão; às 21h da quinta-feira, 17, o Bahia encara o Grêmio em Pituaçu. No sábado, 19, o rubro-negro estreia na Série B do Brasileirão, fora de casa, contra o Barueri. No domingo, 20, o tricolor inicia a sua jornada na Série A contra o Santos, em Pituaçu.
Início quente - O primeiro tempo do jogo em Pituaçu teve todos os requintes que, historicamente, caracterizaram o Ba-Vi como um dos maiores clássicos do Brasil: teve gol com quatro minutos de jogo, faltas duras, jogador contundido, falha de goleiro, arbitragem questionada e confusão generalizada. O bom futebol, no entanto, sobreviveu apenas na expectativa do torcedor.
É que as duas equipes sentiram o peso da decisão e, a não ser em lances esporádicos de lucidez, apresentaram um futebol recheado de erros de passes e de muitas faltas. Com o Bahia novamente com três volantes e recuado em campo, o Vitória começou melhor e abriu o placar aos quatro minutos: Victor Ramos lançou na área e Neto Baiano aproveitou a permissividade de Rafael Donato para saltar mais alto e, de cabeça, fazer 1 a 0.
Quatro minutos depois, necessitado do empate para ficar com o título, o tricolor respondeu, também em bola alçada na área: Gabriel cobrou falta pela direita e a zaga rubro-negra não conseguiu cortar; a bola sobrou para Fahel, que chutou forte no canto direito, no mesmo local habitado pelo goleiro Douglas, que falhou ao deixar a bola escapulir das suas mãoes e morrer nas redes. 1 a 1.
Aos 16 minutos, Neto Baiano aproveitou cruzamento e cabeceou em cima de Titi; na sobra, mandou uma bomba de direita e carimbou a trave de Marcelo Lomba. Um minuto depois, o Vitória perdeu o lateral Romário por lesão, que saiu para dar lugar a Gabriel Paulista, zagueiro que passou a atuar improvisado no lado direito do campo. O rubro-negro sentiu o baque e o tricolor passou a ocupar melhor os espaços em campo.
Fahel cruzou bola rasteira pelo lado direito, aos 33, e Lulinha completou de letra, mas Douglas fez boa defesa. Intervenção que dificilmente será lembrada pelo torcedor do Vitória, porque, aos 45, o arqueiro voltou a falhar quando saiu atabalhoadamente para afastar bola cruzada da intermediária por Gabriel. A redonda passou direto e o estrondo da torcida tricolor denunciou a virada no placar.
Virada rubro-negra e empate do campeão - No segundo tempo, Com Dinei em lugar de Marquinhos, o time do interino Ricardo Silva voltou mais disposto e soube aproveitar duas chances logo no recomeço da partida. Aos cinco minutos, Rodrigo saltou para aproveitar lançamento na área e acabou derrubado por Diones. Pênalti. Neto Baiano colocou no canto, empatou o jogo e, em tendo chegado ao 27º gol no torneio, se igualou ao ex-jogador Cláudio Adão, até então o maior artilheiro do estadual baiano.
O tento sofrido tirou a tranquilidade do time tricolor, que aumentou o ritmo e passou a ceder mais espaços. Aos 10 minutos, Rafael Donato aproveitou cruzamento e cabeceou no canto, mas Douglas conseguiu uma grande defesa. No contra-ataque, Pedro Ken cruzou da esquerda e Dinei mergulhou para fazer o terceiro do Vitória e levar a sua torcida ao delírio.
Necessitado de um gol para recolocar a mão na taça, o técnico Paulo Roberto Falcão tirou Fahel e colocou Morais no jogo. O Bahia passou um tempo envolvido pelo toque de bola do Vitória, mas aos poucos se reencontrou em campo e passou a criar oportunidades de empate. Aos 26 minutos, explorando a grande arma que é a sua jogada aérea, o tricolor reanimou a sua torcida quando, após cabeçada perigosa de Souza, Diones aproveitou rebote de Douglas e completou para as redes. 3 a 3.
O tento de empate recolocou o Bahia no controle do jogo. Falcão colocou Fabinho e recompôs o meio campo. Antes de sofrer o gol, o Vitória já jogava sem Neto Baiano: Geovanni entrara em seu lugar. Vander e Uelliton se estranharam e acabaram expulsos. Souza cometeu falta num lance isolado e também recebeu o cartão vermelho. Aborrecido com a arbitragem de Seneme, Falcão repetiu a dose do primeiro jogo da decisão e também foi posto para fora.
O clima esquentou em Pituaçu e o tempo, no cronômetro, passou a correr desacompanhado de bons lances de perigo. Somente aos 39 minutos o jogo teve nova carga de emoção: em sequência heroica de defesas, Marcelo Lomba espalmou milagrosamente uma cabeçada de Pedro Ken e um chute forte de Rodrigo Mancha. Aos 45, Ken teve outra chance de marcar, mas, embora estivesse livre na área pelo lado direito, chutou sem direção. A partir de então, a torcida tricolor começou a pular e a cantar nas arquibancadas. Aos 49, Seneme decretou o fim do jogo e o começo da festa. Bahia campeão baiano de 2012.
´Postado Por News SAJ
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